A história de

Mirandolino

 

 

Texto dedicado ao Grande Industrial Mirandolino Alves de Farias.

O desaparecimento de Mirando Farias é para o Ipu, uma perda se algum modo considerável no que se diz a arte, Ipú, deve boa parte de seu progresso, de seu nome industrial ao famoso artista, si bem que não fosse natural daqui, mas onde produziu melhor que em sua terra natal os efeitos de seu gênio. 

Chegando a esta cidade pelo ano de 1908, quando sua arte predileta não era mais que um nome perdido entre muitos outros, desde então começou com o maior sacrifício a fazer todo o possível de elevar, aperfeiçoar, chegar enfim, no nível do que se encontra n’outros meios muito mais adiantados. 

Sua força de vontade jamais pode ser igualada. Ao par de seus dotes de inteligência superou e nunca esmoreceu num empreendimento quando incrível a muitos parecesse a realização.

Muitos empreendimentos para melhorar seus meios de trabalhos custaram-lhe sacrifícios de muitos dias de serviço e perda de dinheiro, com tantas dificuldades chegando às mãos do artista.

Para conseguir uma fundição de ferro, lutando sem capital bastante e com repetidas experiências, inventando pode-se dizer os meios que, si tornassem mais econômicos a fundição das peças moldados, vi algumas vezes o seu prejuízo na causa da descoberta tentando, onde não obstante a perda, não desfalecia o gênio que logo se preparava para a peleja em demanda da realização de seu ideal.

Mirandolino não era um simples artista, era sobretudo um industrial empreendedor de seus ideais. Ele sempre estava querendo mais. Pois através de seus esforços já dispunha de uma oficina aparelhada para o fabrico de ferramentas destinadas para a lavoura, extintores de formigas, tachos de cobre para a fabricação da rapadura, caldeiras para o conzinhamento do caldo de cana-de-açúcar, o alambique para ao destilamento da aguardente.

E desejando ainda mais contando com uma equipe de funcionários capacitados em consertos de máquinas descaroçadoras de algodão e engenhos moedores de cana. Além de realização do que foi dito, montou também um maquinário, ou seja, um despolpador de açaís, do café, desolhadeira do milho, um separador do grão do milho, e moinhos para o fabrico do fubá, xerém, uma máquina desolhadeira do milho para fabricar o mangusar. E como sempre desejoso de elevar o nome desta cidade não media esforços e prejuízos. Conseguiu montar uma fundição de ferro gusa para fabricar engenhos mordedores de cama, como também a fundição do bronze no fabrico de sinos para igrejas.

Infelizmente tudo isto, todos os seus esforços, não tiveram continuidade pois o filho que podia conservar e fazer crescer ainda mais não teve condições de continuar. Afonso que tinha apenas 16 anos mas lhe faltou incentivo. Ele que apesar de muito novo porém já revelava também um dote de inteligência e capacidade suficiente para continuar e ampliar ainda mais tudo que o seu pai desejaria ter feito, mas não conseguiu.

Com o desaparecimento do pai, tudo modificou-se. Mirandolino no dia 9 de julho viajou de trem com destino a Santa Cruz, uma cidade próxima, a trabalho de sua profissão, e a noite do mesmo dia veio a falecer tendo morte instantânea. Somente no dia seguinte a família pode saber do trágico acontecimento, o qual foi logo transportado para sua cidade. Na tarde do dia 10 foi feito o seu sepultamento com bastante acompanhamento de amigos e correligionários. Mirandolino atualmente exercia um cargo de vereador na Câmara Municipal da Prefeitura desta cidade. No sepultamento se fez presente o Sr. Presidente da Câmara de Vereadores, o Prefeito e o Sr. Secretário e demais autoridades.

Mirandolino Alves de Farias nasceu em 2 de agosto de 1870 e faleceu a 09 de julho de 1930, contando portanto com 60 anos de idade. Deixou 8 filhos, dos quais 5 menores. São maiores José Alves de Farias, casado com D. Mimosa Farias, Naninha e Senhora e menores são Maria do Socorro, Affonso, Margarida, Alcina e Mirian Farias.

Era casado, em terceira núpcias com D. Maria do Carmo Ferreira Farias.

Autor Desconhecido

Autor Desconhecido

Ipu, 9 de Julho de 1930

Artigo publicado no jornal de Ipu, Ceará, na ocasião da morte de Mirandolino Alves de Farias. A cópia do artigo foi dada pela filha Margarida Maria de Farias.

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1 Comentário

  1. Orgulho do Tio

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