A história de

Amaro Farias

 

Com EMOÇÃO, ADMIRAÇÃO e GRATIDÃO ETERNA, faço um relato de fatos da história do meu inesquecível pai, Amaro Farias, por mim presenciados, ou que foram narrados por ele próprio sobre a sua vida,AMARO FARIAS, nasceu no povoado de Baixio em 15/01/1907. Filho de Serafim Alves de Farias e de Joaquina Ferreira de Farias. Criado numa época em que a vida era muito simples, no qual  o trabalho e o respeito eram valores fundamentais. Com isso, naturalmente, sedimentou outros valores como responsabilidade e independência. 

 Memória

De memória privilegiada, retroagia no tempo e nos contava com riqueza de detalhes várias histórias, inclusive a da sangria do preto velho José Esteves, época na qual  tinha apenas 2 anos de idade. Relembrava também com entusiasmo a grande festa de inauguração da estrada de ferro no ano de 1922, quando tinha 15 anos e Baixio era apenas um sítio.

Trabalho e Independência

Em 1916, aos 9 anos, o menino Amaro plantou sua primeira roça de milho, feijão, algodão, melancia e jerimum, já  demonstrando sua vocação para o trabalho. Iniciou também a criação de animais, tornando-se independente ainda muito novo. 

Com orgulho, costumava lembrar da aquisição de seu primeiro sapato em Ipaumirim, dizendo-nos: “comprei com meu próprio dinheiro, por 8 mil reis, para ir à festa de São Gonçalo, no Umari”. Contava que na viagem feita a cavalo, parou várias vezes para calçar e apreciar o vistoso sapato, cuidadosamente acondicionado no coxim, para não estragar. Seu sapato chamava atenção, pois era raro ver menino de sapato. “Sempre trabalhei”, costumava dizer ele, e somos testemunhas. 

A dureza do sertão temperou sua personalidade. Homem forte, canalizou sua energia para o trabalho diário e ininterrupto, onde não existia férias. Deixou-nos o ensinamento: “Não se guarda para amanhã o trabalho de hoje”.

Empreendedor

Como empreendedor, e sem nunca ter abandonado a agricultura, Amaro Farias desenvolveu atividades com representações comerciais, vendendo títulos de capitalização, uma espécie de Baú do Silvio Santos. Disse que à época ganhou muito dinheiro, e em 1928, comprou um automóvel Ford, em sociedade com seu irmão Vicente. O carro dava partida a bateria ou manivela, e os aros eram radiados tipo motocicleta. 

Em 1930, iniciou sua atividade no comércio de calçados, chapéus e mantimentos, em sociedade com Cícero Henrique Brasileiro. Na seca de 1932, passou a fornecer mantimentos para os operários que trabalhavam na construção da rodovia Icó – Cajazeiras.  

1º Casamento

Segundo relato próprio, conheceu sua primeira esposa por acaso, em 1932, na oportunidade em que ela foi passear na casa do irmão dela, de seu irmão Cícero Onofre, que era ajudante do engenheiro da obra referida no parágrafo anterior . Arcângela Onofre Farias, conhecida como Celita, nasceu em 1913, na cidade de Assaré. Casaram-se em 1933, Amaro com 27 e Celita com 21 anos. Tiveram 10 filhos, dos quais 5 estavam vivos e o acompanharam na sua viuvez. 

Cartório

Em razão do fraco desempenho do comércio, em 1940 foi trabalhar como escrevente no cartório de Cícero Brasileiro. Em 1950, com a transferência da sede do município de Baixio para Ipaumirim, o Sr. Cícero Brasileiro, por motivos pessoais, não quis mudar de cidade, arrendando o cartório a Amaro Farias, que posteriormente o comprou. 

Amigos

Amaro Farias era homem de muitos amigos, alguns dos quais tive oportunidade de conhecer e admirar: Cícero Brasileiro, Felisberto Pontes, Chico Irineu, Chico Germano, Raimundo Augusto, Chico Felizardo, Raimundo Farias, Luiz Bezerra e tantos outros. 

Generoso

No cartório era muito mais do que um Tabelião. Era um consultor e um conciliador. A todos atendia com cortesia e sem discriminação. Sempre foi muito generoso com a família, além de não cobrar pelos serviços prestados aos mais carentes.  

2º Casamento

Viúvo e pai de 5 filhos, conquistou o coração da bela Anísia Quintino Farias, nascida em Amaniutuba, em 1926, dezenove anos mais jovem, revelando-se um galanteador. Juntos, constituíram uma linda e numerosa família, da qual todos nós temos um imenso orgulho de fazer parte. 

Sábio e futurista

Amaro Farias sempre priorizou a educação dos seus filhos, não medindo esforços para mantê-los estudando. Jamais o vi usar de sua influência para barganhar emprego para filho algum. Tinha muito orgulho dos êxitos que nós obtínhamos.

Saúde

Homem de saúde abençoada por Deus, viveu plenamente quase 105 anos, e nos deixou um grande legado de cidadania e amor à família.

Termino este relato com a convicção de que as sementes plantadas pelo meu pai deram bons frutos e continuarão germinando. Daqui a muito anos nossos encontros serão relembrados e estes fatos repassados para todos os nossos descendentes.

In memoriam: Homenageio, por oportuno, os nossos saudosos irmãos Mirô, Bibi e Serafim. Eterna saudade e a certeza de que sempre estarão em nossos corações.

Airton quintino farias

Airton quintino farias

Fortaleza, 25 de abril de 2021

Airton é primeiro filho do segundo matrimônio de Amaro Farias. Casado com Fracineide é pai de Thiago, Felipe e Lara e avô de Isabela e Mateus.

O relato foi escrito a partir de memórias afetivas em homenagem ao seu querido pai.

Galeria de Imagens

0 comentários

Deixe uma resposta